terça-feira, 7 de junho de 2011

Cuidados Paliativos

A esperança média de vida tem vindo ao aumentar ao longo do tempo. Actualmente em Portugal, de acordo com a Direcção Geral de Saúde em 2000/2001, ela era, à nascença de 76,9 anos - 73 anos para o sexo masculino e 80,03 para o feminino. Contudo, o facto de se viver mais tempo não garante que se viva com qualidade de vida.
 Houve nos últimos anos uma evolução exponencial a nível tecnológico, a busca da “ cura” foi intensificada, e formou-se a cultura de “ negação da morte”. A morte é encarada como um” fracasso da medicina” e não é vista como um fenómeno natural.
A própria doença terminal tem normalmente relacionado um conjunto de problemas – não só físicos – que acarretam o sofrimento de intensidade diferente para aqueles que a vivem. A resposta a estes problemas, a esse sofrimento passa pelos cuidados paliativos.
 Sendo assim, em 2002 a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu cuidados paliativos como “ uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos doentes – e suas famílias – que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e com prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, com recurso a identificação precoce e tratamento rigoroso nos problemas não só físicos, como a dor, mas também nos psicossociais e espirituais”.
O termo paliativo deriva do latino “ pallium”, que significa manto, capa. Nos cuidados paliativos, os sintomas são “encobertos” com tratamentos cujas finalidade primária e exclusiva consiste em promover o conforto do paciente tanto quanto possível. Os cuidados paliativos, todavia, estendem-se para além do alívio dos sintomas físicos, eles procuram integrar os aspectos físicos, psicológicos e espirituais do tratamento, de modo que os doentes possam adaptar a sua morte iminente de forma tão completa e construtiva quanto seja possível.
Os cuidados paliativos são cuidados de saúde preventivos: previnem maior sofrimento, motivado por vários sintomas (dor, fadiga, dispneia, vómitos, confusão), pelas múltiplas perdas (físicas, psicológicas e outras), associadas à doença grave e terminal, e reduzem o risco de lutos patológicos. Devem assentar numa intervenção interdisciplinar em que a pessoa doente e família, são o centro gerador de decisões de uma equipa que, idealmente, integra médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais. O que esta equipa pretende fazer é intervir activamente naquilo a que a pessoa doente manifesta ser para ela uma fonte de sofrimento. Nessa medida, convém relembrar que os doentes em fim de vida não sofrem apenas pelos sintomas físicos, mas por muitos outros aspectos.
Os cuidados paliativos assentam em quatro pilares fundamentais:
·        Saber controlar os vários sintomas que os doentes apresentam (e não apenas a dor), utilizando medidas farmacológicas e não farmacológicas.
·        Saber comunicar adequadamente com o doente e a sua família, usando obrigatoriamente estratégias para a promoção da sua dignidade.
·        Prestar o apoio à família, detectando os seus problemas, as suas necessidades, mobilizando também as suas mais-valias e ajudando-a a lidar com as perdas, antes e depois da morte do doente;
·        Saber trabalhar em equipa interdisciplinar, integrando o trabalho dos diferentes profissionais de saúde e voluntários, todos devidamente treinados, para dar resposta às múltiplas necessidades dos doentes e seus familiares.
Existem inúmeros utentes e famílias que necessitam de Cuidados Paliativos, uma vez que “(…) não são só os doentes incuráveis e avançados que poderão receber estes cuidados. A existência de uma doença grave e debilitante, ainda que curável, pode determinar elevadas necessidades de saúde pelo sofrimento associado e dessa forma justificar a intervenção de cuidados paliativos (…)” (APCP, 2006-b:4). Incluem-se no grupo de destinatários dos Cuidados Paliativos pessoas que apresentam:
·        Cancro;
·        SIDA em estádio avançado;
·        Insuficiências de órgão avançadas (cardíaca, respiratória, hepática, renal);
·        Doenças neurológicas degenerativas e graves;
·        Demências em estádio muito avançado.

Muitos utentes necessitam de ser acompanhados durante semanas, meses ou, excepcionalmente, anos, antes da morte, como tal, deve-lhes ser oferecida a possibilidade de receberem cuidados de saúde activos, rigorosos, que combinam ciência e humanismo, num ambiente apropriado, promovendo, desta forma, a protecção da sua dignidade.
        Enfermeira Catarina Santos                                                         

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